Quatorze autores de três países (Brasil, Espanha e Argentina) escreveram 11 capítulos sobre suas investigações e estudos a respeito da escola, sua organização, seus profissionais e a supervisão educacional. O resultado do trabalho, organizado pela educadora Naura Syria Carapeto Ferreira, é o livro Supervisão educacional para uma escola de qualidade: da formação à ação, lançado pela Cortez Editora.
Ferreira também contribuiu com o último capítulo do livro, cujo título ficou “Supervisão educacional no Brasil: trajetória de compromissos no domínio das políticas públicas e da administração da educação”. A doutora em educação pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e professora da Universidade Tuiuti do Paraná analisa os compromissos da supervisão educacional no Brasil, sempre se pautando pela humanização do homem, sua cidadania e outros valores primordiais para a qualidade do trabalho pedagógico.
No primeiro capítulo do livro, Dermeval Saviani, doutor em filosofia da educação pela PUC-SP e professor titular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), examina a ação supervisora, passando da condição de função para a de profissão, e as articulam com a idéia de supervisão.
Tendo como temática também a supervisão, Mary Rangel, doutora em educação brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, assina o texto “Supervisão: do sonho à ação – uma prática em transformação”. Nilda Alves, professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, amplia a discussão para outros profissionais da educação e enfatiza as necessidades de um pensamento transdisciplinar e complexo na formação.
Da Argentina, o tema é tratado pelas pesquisadoras do “Instituto de Investigaciones en Ciencias de la Educación” da Universidade de Buenos Aires, Myriam Feldfeber, Patrícia Redondo e Sofia Thisted. O resultado do trabalho está em “Os supervisores: sujeitos-chave num processo de mudança? Reflexões sobre o caso argentino” que analisa o contexto dos supervisores argentinos na década de 90.
Apresentando a necessidade de mudanças profundas na escola, Myrtes Alonso, doutora em educação pela PUC-SP, produziu o texto “A supervisão e o desenvolvimento profissional do professor” em que procura esclarecer os vários sentidos que a expressão supervisão é utilizada. O professor titular da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo), Celestino Alves da Silva Jr., faz uma análise, no capítulo 10, de como a supervisão, o currículo e a avaliação vêm sofrendo mudanças de sentidos em suas práticas, desde os anos 60, em função da política educacional brasileira.
A contribuição da Espanha vem pelo texto de Antonio Vara Coomonte, professor de teoria da educação da Universidade de Santiago de Compostela. Com o título “Condições socioestruturais da escola”, Coomonte discute a qualidade da escola e de sua subserviência institucional em relação à sociedade política. Faz isso sem abandonar a dimensão ética. Mariano Fernandez Enguita, catedrático de sociologia na Universidade de Salamanca, discute a gestão escolar em “Da democratização ao profissionalismo”.
A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e outras medidas governamentais com reflexos no ensino são abordados por Márcia Angela Aguiar, professora do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco, com “A formação do profissional da educação no contexto da reforma educacional brasileira”, e por Jussara Tavares Puglielli Santos, doutora em educação pela USP (Universidade de São Paulo), em “O limite da necessidade: as condicionalidades interpostas à realização do trabalho educativo na escola obrigatória”.
Enfim, o livro merece atenção não apenas pela credibilidade de seus colaboradores, mas pela necessidade e importância dos temas e suas sutilezas. Uma discussão fundamental para o avanço da educação e de seus profissionais.
Livro: Supervisão educacional para uma escola de qualidade: da formação à ação Autor(es): vários. Naura Syria Carapeto Ferreira (org.) Editora: Cortez Páginas: 260 |