O texto em movimento

Três livros da Cortez oferecem instrumentos para ler, analisar e interpretar diferentes textos. O objetivo é auxiliar o professor a trabalhar com as especificidades de cada linguagem e suas estratégias de comunicação. Essa trilogia, que integra a segunda parte da coleção “Aprender e ensinar com textos”, faz observações de aulas para o ensino fundamental, médio e magistério. Os primeiros três livros da coleção abordaram o modo como os textos eram lidos e trabalhados nas escolas de primeiro grau.

“Uma da principais conclusões a que se chegou nos livros anteriores e nessas novas observações é que textos dos mais diversos gêneros e funções distintos, verbais ou não verbais, poéticos ou não, são trabalhados nas escolas observadas, segundo sugestões dos manuais didáticos”, explica Ligia Chiappini, coordenadora geral da coleção.

O primeiro livro, Leitura e construção do real: o lugar da poesia e da ficção, quarto volume da coleção, estuda os vários tipos de textos, procurando estratégias lingüísticas específicas. A obra foi dividida em duas partes. A primeira trata do trabalho com o poema e a segunda, com a narrativa. E, ao final de algumas análises, são apresentados textos que possuem correlação com os estudados, além de orientações sobre as possibilidades de trabalho.

“Ler um texto qualquer, uma notícia, uma narrativa ficcional ou um poema nos leva a entrar em contato com uma outra experiência, reconstruí-la e reconstruirmo-nos”, ressalta a professora Guaraciaba Micheletti, do departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da USP, que coordenou a edição do volume. Letícia Paulo de Freitas Peres e Ana Elvira Luciano Gebara, que fazem mestrado em Filologia e Língua Portuguesa na USP, também colaboraram com a publicação.

O quinto volume da coleção, Gêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso político, divulgação científica, coordenado pela professora Helena Nagamine Brandão, do departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da USP, trata dos diversos gêneros discursivos. Contando com mais cinco colaboradores, o trabalho seleciona e analisa contos populares, discursos políticos, mitos indígenas, romances de cordel e textos de divulgação científica. Além disso, o livro oferece, diz Chiappini, um exercício de leitura e interpretação de cada texto segundo seu gênero e sua funcionalidade social, valendo-se do instrumental adequado para tal proposta.

“O estudo dos gêneros foi uma constante temática que interessou os antigos e tem atravessado, ao longo dos tempos, as preocupações dos estudiosos da linguagem, interessando tanto à história da retórica quanto às pesquisas contemporâneas em poética e semiótica literária e às teorias lingüísticas atuais”, afirma Brandão, salientando que essa diversidade de campos do saber voltados à questão do gênero tem resultado numa variedade de abordagens.

O último volume, Outras linguagens na escola: publicidade, cinema e TV, rádios, jogos, informática, foi coordenado pelo professor Adilson Odair Citelli, da Escola de Comunicações e Artes da USP. O objetivo é trabalhar com as linguagens não verbais ou não apenas verbais e não necessariamente escritas. A proposta é compreender os principais mecanismos historicamente desenvolvidos pela linguagem do rádio, da televisão, do computador, da publicidade, do cinema, do desenho animado e, até do RPG (Role Play Game). Segundo Chiappini, o livro permite vencer o abismo entre os adultos, formados muito mais pela cultura escrita, e os jovens, que nascem sob o signo da TV e do computador.

Um aspecto interessante é que este volume teve origem numa pesquisa realizada entre 1996 e 1997, com 269 professores, a maioria de escolas públicas estaduais e municipais de São Paulo, de diferentes níveis de ensino. Segundo Citelli, o principal objetivo do livro foi verificar o tipo de diálogo que estaria existindo entre docentes, meios de comunicação e novas tecnologias. Também utilizou-se como referência uma pesquisa realizada em 1994, com mais de mil discentes. O objetivo era investigar as relações dos jovens do ensino fundamental com os meios de comunicação e as novas linguagens.

“Ocorre que, hoje, tanto os meios de comunicação passaram a funcionar como mediadores dos processos educativos quer formais quer informais — e não nos referimos apenas aos recursos a distância — como a escola deixou de ser a exclusiva agência de promoção educacional. Os pólos de formação descentraram-se e tenderão a intensificar cada vez mais as possibilidades de se obter informações e mesmo conhecimentos por meio de mecanismos até há pouco privativos do espaço escolar”, argumenta Citelli.

Leitura e construção do real: o lugar da poesia e da ficção (Coleção Aprender e ensinar com textos; v.4), de vários autores. Coordenação de Guaraciaba Micheletti. São Paulo: Cortez. 128 págs. R$ 14,00.

Gêneros do discurso na escola: mito, conto, cordel, discurso político, divulgação científica (Coleção Aprender e ensinar com textos; v.5), de vários autores. Coordenação de Helena Nagamine Brandão. São Paulo: Cortez. 269 págs. R$ 27,00.

Outras linguagens na escola: publicidade, cinema e TV, rádios, jogos, informática (Coleção Aprender e ensinar com textos; v.6), de vários autores. Coordenação de Adilson Citelli. São Paulo: Cortez. 253 págs. R$ 26,00.


Livro: Outras linguagens na escola: publicidade, cinema e TV, rádios, jogos, informática
Autor(es): vários. Coordenação de Adilson Citelli
Editora: Cortez
Páginas: 253
COMO CITAR ESTE CONTEÚDO:
MENEZES, E. T. O texto em movimento. EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2000. Disponível em <https://educabrasil.com.br/o-texto-em-movimento/>. Acesso em 21 dez. 2024.

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