“Novos cenários de aprendizagem para um mundo em transformação digital” foi o tema abordado por Luciano Meira na Bett Educar 2019, realizada entre 14 e 17 de maio no Transamérica Expo Center, em São Paulo (SP).
O que é transformação digital? “Transformação digital depende de um conjunto de transações, novos comportamentos e novos modelos de negócios em plataformas”, explicou Meira. Ele entende que o campo da educação está suficientemente maduro para plataformas disruptivas que realmente viabilizem novos tipos de transações e modelos de negócios, e que são instrumentalizadas por softwares.
Para Meira, software cria ambientes e mundos de forma simulada e não são apenas um instrumento para o campo da educação. “Se a gente desvaloriza o aspecto computacional, dizendo que são apenas mais um instrumento, a gente perde de vista o que o software pode proporcionar: são altamente responsivos em tempo real e oferecem geração e análise de dados”, alertou.
Meira citou Silvio Meira, professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco e seu irmão, que desde de 2008 fala que “tudo é software”. Silvio é do campo das ciências da computação e Luciano vem do campo das ciências humanas, e prefere dizer que “parte considerável da atividade humana é apoiada, organizada, amplificada, monitorada, compartilhada, comunicada por software”. Luciano destacou que Silvio, diante da concepção de que “tudo é software”, defende que todo mundo deveria aprender a programar.
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Luciano jogou a questão “Todo mundo precisa programar?” para a platéia e lembrou que várias empresas, inclusive presentes na Feira Bett Educar, oferecem aprendizagem de código, de algoritmos computacionais, ou seja, vendem a ideia de que “a escola precisa ensinar os alunos a programar”. A noção está em conformidade com outra frase do irmão Silvio Meira: “Ou você programa, ou será programado!” Luciano questionou: “Como podemos entender isso?”.
As habilidades de programação e pensamento computacional são citadas entre as listas das habilidades essenciais ao futuro do trabalho, explicou, frisando que “o software, no mundo em transformação digital, requer a participação das pessoas” em programação tanto para desenvolver a cultura digital quanto para participar do mundo do trabalho. A prova dessa realidade, segundo Luciano, é o fato de que apenas 1/3 dos desenvolvedores de software no Brasil tem graduação em ciências da computação. “Então, cada vez mais as pessoas estão aprendendo a programar fora da escola”.
Em outras palavras, pode-se programar os dispositivos computacionais ou aprender como funcionam os artefatos e serviços da cultura digital. Por exemplo, Luciano falou sobre os dispositivos que gravam o que escrevemos e o que falamos, e que muitas vezes desconhecemos essa realidade. “Você tem que aprender como evitar isso ou como deletar isso da internet”. Isso pode ser feito com um “mergulho” na cultura digital sem aprender necessariamente a programar. Daí a importância de entender como funciona esse mundo na transformação digital.