Planejamento Dialógico, de Paulo Roberto Padilha, é o novo livro da série “Guia da Escola Cidadã”, produzido numa parceria entre o Instituto Paulo Freire (IPF) e a Cortez Editora. Os livros da série constituem pesquisas do IPF e, portanto, seguem uma linha de estudo que tem origem nas formulações de um dos mais importantes teóricos da educação brasileira: Paulo Freire. Por isso, propõem-se a oferecer uma literatura pedagógica que ao mesmo tempo seja viável para um cotidiano que exige respostas rápidas e eficazes e que atenda aos desafios do ensino fundamental no país sem ser superficial.
No prefácio, Moacir Gadotti, um dos coordenadores da série e do IPF, apresenta um outro título possível ao livro: “Planejamento educativo na perspectiva da Escola Cidadã”. Afinal, o próprio autor explica que “planejar na perspectiva da Escola Cidadã significa fazê-lo em função de um projeto e projetar na perspectiva de uma visão de planejamento chamada de ´dialógica´”. Assim, assinala Gadotti, Padilha mostra bem que “o planejamento não pode ser dissociado do projeto político-pedagógico”. Ainda chama a atenção para retomada pelo autor de noções da pedagogia freireana e para a contribuição desta obra para a reinvenção do pensamento de Paulo Freire.
Planejamento Dialógico é guiado pelo universo de princípios da obra e do pensamento freireano. O “dialógico” refere-se, portanto, à “forma de diálogo”, ou seja, à forma proposta por Paulo Freire para a relação entre educadores e educandos. Padilha assinala, então, a afirmação de Freire de que “a viabilização do país não está apenas na escola democrática, formadora de cidadãos críticos e capazes, mas passa por ela, não se faz sem ela”. Conclui, dessa forma, que o planejamento na perspectiva da escola cidadã está associado à dialogicidade. E explica: “O diálogo, segundo Paulo Freire, ´é o encontro amoroso dos homens que, mediatizados pelo mundo, o pronunciam, isto é, transformam, e transformando-o, o humanizam para a humanização de todos´”.
Segundo Padilha, Paulo Freire não escreveu especificamente sobre o tema planejamento educacional, mas “referiu-se a ele em muitas ocasiões”. Assim, “observa-se na obra de Freire a defesa de uma relação horizontal e de uma igual participação dialógica entre educador e educando”. Essa idéia é desenvolvida no terceiro e no quarto capítulo do livro quando analisa o planejamento na perspectiva da escola cidadã e qual seria o projeto político-pedagógico que o planejamento deveria levar em conta. O conceito de “planejamento” é, inclusive, explicado nos dois primeiros capítulos, por meio de uma análise tipológica. As concepções de planejamento, entendidas a partir das teorias da administração e das características específicas do planejamento na educação também são assuntos do início do livro.
O último dos cinco capítulos da obra aborda a “dimensão pedagógica” do projeto político-pedagógico, incluindo temas como os PCNs, a transversalidade, currículo e avaliação escolar. Na conclusão, Paulo Padilha retoma a expressão freireana “círculo de cultura” para colocar questões sobre o espaço do planejamento dialógico e, principalmente, a respeito “do que tem sido a nossa aula e sobre como temos atuado em sala de aula”. Sua proposta é considerar a sala de aula como “círculo de cultura”: torná-la espaço privilegiado para a realização do planejamento dialógico e, por conseqüência, orientando as políticas públicas educacionais. Ou seja, “trata-se de uma escola em que todos podem pesquisar, pensar, praticar, refletir, sentir, deliberar, ser, plantar, agir, cultivar, avaliar sobre o que fizeram e recomeçar novamente este ciclo, discutindo e debatendo sobre as possibilidades de superarmos juntos as dificuldades e os problemas surgidos na escola e na educação, no seu sentido mais amplo”.
Livro: Planejamento Dialógico Autor(es): Paulo Roberto Padilha Editora: Cortez Páginas: 160 |