O Colóquio de Filosofia e Educação, realizado pelo Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças, promoveu uma mesa-redonda com o tema “Rediscutindo a Filosofia: conteúdo e metodologia”, no último dia 20. Realizado no auditório do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand), o encontro ofereceu ainda exposição de pôsteres, oficinas e visita à exposição “Egito Faraônico: terra dos deuses”, com desconto de 50% nos ingressos oferecido pelo Serviço Educativo do Museu. O evento, que também teve o patrocínio do Yazigi Internexus, reuniu para a mesa-redonda os professores José Auri Cunha, do Colégio Vera Cruz, Marcos Antonio Lorier, da PUC-SP, e Dalva Aparecida Garcia, do Colégio Santa Maria.
O professor Lorieri, que atua como diretor pedagógico do Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças, iniciou sua participação revelando um questionamento: Estamos filosofando ou convidando para um jogo filosófico? Depois, fazendo referência ao filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970) sobre a idéia de que a historia da filosofia ocidental não passa de notas de rodapé das filosofias de Platão e Aristóteles, Lorieri disse que seria uma nota de rodapé da briga entre os europeus com a igreja católica. “Não vejo nenhum autor europeu que não se remeta à religião católica; é interessante ver o poder dessa religião na Europa para a formação das idéias, das concepções e, por tabela, de nós, que herdamos uma marca profunda na educação”, explicou.
Sem buscar as respostas, segundo Lorieri, não se conclui o trabalho filosófico. Ele entende que é preciso buscar as respostas, pois elas marcaram a história humana. A Idade Média, por exemplo, orientou-se de uma determinada maneira para a organização da sociedade. “A forma de pensar determina a maneira de organizar as relações com a natureza ou com o indivíduo; e esse é um jogo que acontece ao longo da história de uma maneira dialética”, disse o professor, referindo-se ao filósofo alemão Karl Marx (1818-1883).
Para Lorieri, pensar como nós pensamos, entender o homem como criador de idéias, compreender como valoramos tudo são algumas tarefas do homem. “Somos um ser especial para nós; a gente nunca conseguiu saber o que a vaca e o boi acham deles; dizemos que eles não têm consciência, mas apenas nós”, ironizou Lorieri.
O professor informou que está fazendo um livro sobre o ensino da filosofia no ensino médio. A proposta da publicação, que integra uma coleção da editora Cortez, é abordar o que é a filosofia, o que deve ser estudado, como dever ser trabalhado e algumas experiências na escola. Ou seja, é um livro que aborda o conteúdo e o método. Ele também fez algumas referências ao Programa de Filosofia para Crianças, criado na década de 60 pelo filósofo norte-americano Matthew Lipman, visando cultivar o desenvolvimento das habilidades cognitivas mediante discussões de tópicos filosóficos.
Em outro momento de sua participação, Lorieri disse que as culturas carregam respostas filosóficas, mas fez um alerta: “Quando respostas filosóficas se tornam orientadoras de práticas sociais numa sociedade inteira, a gente diz que deixou de ser filosofia para ser ideologia”.
Leia a cobertura das outras falas:
– José Auri Cunha, do Colégio Vera Cruz
– Marcos Antonio Lorieri, da PUC-SP
– Dalva Aparecida Garcia, do Colégio Santa Maria