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Uma pesquisa realizada em 2019 em 119 colégios públicos e privados da cidade de São Paulo demonstrou que 29% dos estudantes sofreram bullying. O levantamento, realizado pela Faculdade de Medicina da USP (FM), entrevistou 2.702 alunos do 9º ano do ensino fundamental. O enfrentamento desses episódios, além do combate à depressão e ansiedade no ambiente escolar, deu origem à SagaPro, uma startup de educação criada e gerida por estudantes da USP.
Trata-se de uma EdTech, fusão de educação e tecnologia para potencializar o aprendizado, que possui o objetivo de mapear o estado emocional de estudantes do ensino fundamental II (6º ao 9º ano), realizando acompanhamento do perfil estudantil ao longo do ano letivo, prezando pelo bem-estar.
O acompanhamento é feito por meio de um aplicativo gamificado, no qual o estudante responde como está se sentindo utilizando emoticons. Em seguida, é direcionado aos murais das emoções para participar de atividades de empatia, como relatar motivos de gratidão, por exemplo. “São murais anônimos. Antes da mensagem ser gravada ela é validada por um adulto, para verificar se o conteúdo dessa mensagem não é violento. A validação do professor também é anônima. Tudo para proteger a integridade do aluno”, explicou Filipe Russo, estudante do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP e diretor executivo da SagaPro.
No mural da vitória, único mural público, os estudantes podem acompanhar as conquistas realizadas dentro do aplicativo pelos outros colegas. As conquistas são obtidas na “Saga Épica na Escola”, etapa realizada após o mapeamento das emoções. A fase envolve transformar os jogadores em aprendizes de Saga, deusa nórdica da sabedoria, para cumprirem tarefas nos continentes educacionais, como matemática e geografia. O objetivo é enfrentar ogros, dragões e leviatãs para recuperar o conhecimento perdido.
Nasce uma startup
“Eu e o Filipe estávamos cursando licenciatura, vimos uma notícia da USP sobre um desafio de programação, o HackaTruck, e nos inscrevemos por sermos da área de exatas. Na fase de formação de equipe, a palavra saúde motivou a criação do nosso grupo”, relata Phelipe Braga, estudante do Instituto de Física (IF) da USP e diretor de tecnologia, sobre o início do desenvolvimento do app.
Após a participação no HackaTruck, em 2019, os estudantes fizeram parte do Mover, programa lançado pela Agência USP de Inovação (Auspin), no qual deram prosseguimento à ideia de criar a startup voltada à educação e saúde e incorporaram o integrante Guilherme Mendes, estudante da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e atual diretor de arte e comunicação.
“Temos o objetivo de expandir o foco para outras etapas educacionais, chegando até o ensino superior, porque há estudantes em todos os níveis. E também, junto à SagaPro, estamos desenvolvendo a SagaPro Social, onde, a cada escola particular que atendermos, entraremos em contato com uma escola pública para também oferecer o serviço de forma gratuita”, contou Phelipe.
Atualmente, a startup é desenvolvida junto à Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de São Paulo USP/Ipen – Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia) instalada no campus do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), na Cidade Universitária da USP, em São Paulo.
Mais informações pelo site sagapro.com.br ou por e-mail contato@sagapro.com.br
Texto: Crisley Santana / Jornal da USP