A escola e sua missão social

Escola Reflexiva e Nova Racionalidade, lançado pela Artmed, apresenta sete artigos de pesquisadores brasileiros e portugueses que analisam a função da escola em relação às demandas atuais da sociedade. Todos partem da idéia de “escola reflexiva”, como analogia a um conceito bastante utilizado: o de “professor reflexivo”. Dessa forma, a escola reflexiva seria concebida como aquela que “se pensa e se avalia em relação ao projeto pedagógico e à sua missão social, constituindo-se uma organização aprendente, que qualifica não só os que nela aprendem, mas também os que nela ensinam, além de todos que apoiam professores e alunos”.

Isabel Alarcão, vice diretora da Universidade de Aveiro, em Portugal, participa de três artigos. Em “A Escola Reflexiva” analisa este conceito e suas implicações como prática. “A escola tem a função de preparar os cidadãos, mas não pode ser pensada apenas como tempo de preparação para a vida. Ela é a própria vida, um local de vivência da cidadania”. Em “Novas tendências nos paradigmas de investigação em educação”, a autora reflete sobre uma cultura que considera qualquer aplicação do conhecimento como atividade científica e que, dessa forma, acabou criando um paradigma científico (que também seria um paradigma social). Essa constatação traz, segundo Alarcão, importantes questões para se pensar a investigação em educação.

Em parceria com José Tavares, professor de psicologia da educação na Universidade de Aveiro, Alarcão também aborda os “Paradigmas de formação e investigação no ensino superior para o terceiro milênio”. Neste texto, os pesquisadores falam sobre rupturas e continuidades entre a educação tradicional e a pós-moderna, levantando paradigmas e abordando as características de uma “sociedade emergente”, onde há intensificação do questionamento das verdades científicas e o conhecimento é produzido na multi e transdisciplinaridade.

José Tavares continua a análise de Alarcão a respeito da escola reflexiva, focalizando as relações interpessoais existentes nessa “nova escola”. Segundo ele, “uma escola reflexiva pressupõe uma comunidade de sujeitos na qual o desenvolvimento das relações pessoais no seu sentido mais autêntico e genuíno deverá estar no centro das atitudes, dos conhecimentos e da comunicação”. Este tema prossegue no artigo seguinte de autoria de Iria Brzezinski, professora da Universidade Católica de Goiás. Ela trata dos fundamentos sociológicos, das funções sociais e políticas da escola reflexiva.

A questão dos paradigmas e das rupturas entre uma “velha” e uma “nova” escola continua em outros dois artigos. Em “Informação, formação e globalização: novos ou velhos paradigmas?”, Idália Sá-Chaves, professora da Universidade de Aveiro, analisa a relação entre a sociedade e o conhecimento, os desafios da modernidade e a formação de profissionais num contexto de incertezas no mundo do trabalho. Em outro texto, Maria do Céu Roldão, professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém, discute se houve uma “mudança anunciada” da escola ou se há, na verdade, um paradigma de escola em ruptura.

Paradigma ou não, parece haver uma consciência em nossa sociedade de que a escola está em mudança. Escola Reflexiva e Nova Racionalidade, além de discutir essa nova consciência, apresenta uma proposta para a escola do novo milênio. Nessa escola “formar é entendido como organizar contextos de aprendizagem exigentes e estimulantes, que favoreçam o desenvolvimento das competências para viver criticamente em sociedade”.


Livro: Escola Reflexiva e Nova Racionalidade
Autor(es): Isabel Alarcão (org.)
Editora: Artmed
Páginas: 144
COMO CITAR ESTE CONTEÚDO:
MENEZES, E. T. A escola e sua missão social. EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2001. Disponível em <https://educabrasil.com.br/a-escola-e-sua-missao-social/>. Acesso em 27 jul. 2024.

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