Inspirado numa publicação de 1975, na França, livro da Loyola, organizado pelo professor de ciências da educação, Guy Avanzini, da Universidade de Lyon 2, analisa a evolução da educação ao longo do século XX. A obra, tradução do original La pédagogie aujourd”hui, sofreu revisão e algumas restrições editoriais.
“As modificação, até mesmo as reviravoltas ocorridas nestes 20 últimos anos, assim como os conceitos originais que emergiram posteriormente impunham uma revisão dos temas, uma redistribuição das informações, um reexame das temáticas. Por exemplo, em 1975, a sociologia de Bourdieu ou as teorias de Illich estavam no centro dos debates e constituíam referenciais inevitáveis; hoje, sua aceitação restringiu-se consideravelmente, na medida em que as problemáticas marxistas antes dominantes ou, inversamente, o discurso não-diretivo perderam fôlego”, argumenta Avanzini, explicando que, em contrapartida, vemos desenvolver-se, associadas às ciências cognitivas, pesquisas sobre a aprendizagem intelectual.
Na primeira parte do livro, quatro pesquisadores apresentam uma evolução das disciplinas em relação à prática educativa: sociologia, psicologia, biologia e filosofia. Pierre Picut, doutor em letras e diretor do Collège Coopératif Rhône-Alpes, monta um quadro histórico que vai da ciência da educação à sociologia da educação, com as contribuições de Durkheim, passando pela Internacional Comunista, o fim da Segunda Guerra Mundial, as teorias de Pierre Bourdieu, Jean-Claude Passeron, Raymond Boudon, dentre outros.
As contribuições da psicologia e da psicanálise são abordadas pelo professor Georges Piaton, da Universidade de Lyon 2. O objetivo do estudo é mostrar como a problemática da educação escolar se tornou mais complexa e diferente com as duas ciências.
A professora Hélène Trocmé-Fabre, da Universidade de La Rochelle, pensa a pedagogia numa perspectiva das ciências biológicas. A proposta é investigar a ação dos cientistas que expandem o campo de pesquisa além dos limites de uma única disciplina, como foi o caso da ciência da vida: bioquímica, biofísica, biotecnologia etc.
Sobre filosofia, educação e suas relações, o professor Michel Soëtard, da Universidade Catholique de l”Ouest, faz uma discussão sobre as conquistas e os fracassos das ciências humanas, sociais e psicológicas, no campo pedagógico.
“A reflexão sobre a educação coloca-nos, dessa forma, numa encruzilhada em que se encontram o saber positivo que permite esclarecer o que o homem é — mas sempre sob o olhar do que deveria ser — e o saber filosófico do que o homem deveria ser — mas sempre sob o controle do que é de fato”, explica Soëtard.
A segunda parte do livro trata das práticas pedagógicas. O professor Alain Mougniotte, da Universidade de Lyon 2, fala sobre os métodos de ensino e de trabalho. Sua proposta não consiste em saber em que medida foram ou não aplicados, mas situar aqueles que, de uma ou outra maneira, afetaram o pensamento pedagógico ao longo do século XX.
Outro texto, do professor André Giordan, da Universidade de Genève, aborda um novo ramo das ciências da educação: didática das disciplinas. O autor investiga as origens desse ramo, o estágio de desenvolvimento, a originalidade dos campos de pesquisa, os conceitos e outros aspectos sobre o tema.
Bernard Houot, delegado-geral da Fundação Entreprise Réussite Scolaire, fala das novas tecnologias e de suas transformações na educação. “A emergência de produtos educativos multimídia é o ponto de chegada de uma evolução tecnológica contínua, importante, mas discreta, que se desenvolveu durante várias décadas. Gostaríamos de atualizá-la e mostrar como modificou, durante o século XX, tanto os meios pedagógicos como aquele em que trabalham os pedagogos”, explica o autor, na abertura de seu artigo.
O tema abordado por Charles Hadji, no último texto da segunda parte, é o da avaliação. Seu objetivo é esclarecer as idéias em jogo para, eventualmente, firmar as práticas. “A avaliação não é uma atividade gratuita que se exerce fora de um contexto social particular. As condições contextuais determinam, necessariamente, seu funcionamento e traduzem, parcialmente, suas flutuações, hesitações, incertezas”, defende o autor.
Na última parte do livro, quatro artigos falam dos novos desafios pedagógicos, abordando a educação especial, de adultos, os métodos de pesquisa e as finalidades da educação.
Livro: A pedagogia atual: disciplinas e práticas Autor(es): vários. Organização de Guy Avanzini Editora: Loyola Páginas: 278 |