Incorporar a internet ao ensino em sala de aula dá aos alunos mais oportunidades para estruturarem o próprio aprendizado. Nessa perspectiva, na relação entre educador e aprendiz, o professor deve facilitar o conhecimento, sendo um conselheiro, um guia sem a autoridade de quem sabe tudo, para que o aprender seja um processo em evolução. O livro Guia do professor para a internet: completo e fácil, da professora de Tecnologia da Educação, Ann Heide, da Universidade de Ottawa, e da especialista em ensino a distância, Linda Stilborne, aborda essas idéias e noções com o objetivo de auxiliar educadores na utilização eficaz dos recursos da rede mundial de computadores dentro da escola.
Com análises de conceitos pedagógicos e sugestões práticas, tanto para o experiente quanto para o iniciante na tecnologia, a segunda edição do livro, pela primeira vez em língua portuguesa, traz em seus dez capítulos um desafio para professores e outros agentes ligados à escola: integrar a internet às aulas de forma significativa, aprimorando o aprendizado do aluno e seus objetivos nos diversos campos do conhecimento.
O primeiro capítulo do livro trata do impacto da internet na aprendizagem, mostrando seu potencial em transformar o ato de ensinar e aprender. “A chave não é qual tecnologia está disponível na sala de aula, e sim como ela é utilizada”, enfatizam as autoras, explicando que o valor da tecnologia na educação é derivado inteiramente de sua aplicação.
Elas argumentam que o uso do computador baseado nos trabalhos behavioristas não conseguiu resultados satisfatórios. Em contrapartida, as teorias construtivistas colocam os alunos numa posição ativa diante do conhecimento. “As teorias atuais colocam a tecnologia nas mãos dos aprendizes para ajudar no desenvolvimento de suas habilidades cognitivas de ordem superior e falam do poder da tecnologia para acessar, armazenar, manipular e analisar informações, permitindo, assim, que os aprendizes gastem mais tempo refletindo e compreendendo”, destacam.
No capítulo “Envolvendo-se em projetos existentes”, o leitor encontrará uma série de descrições de projetos em andamento com a possibilidade de participação, além de algumas estratégias para ajudar os alunos na utilização da rede. Vale lembrar que, por ser uma tradução da edição em inglês, o livro não traz uma adaptação dos endereços eletrônicos. Os textos analisam, explicam e descrevem projetos tomando como base sites em funcionamento no Canadá e nos Estados Unidos.
“Dia do não compre nada: seja um consumidor herói”, que teve início em 1996, foi um dos projetos abordados, envolvendo professores, alunos e entidades. De caráter interdisciplinar, a proposta era investigar o impacto da propaganda no gasto e no superconsumo como um problema ambiental fundamental no mundo atual. Assuntos como computação, tecnologia da informação, literatura, poesia, estudos da mídia e ambientais foram integrados ao currículo. Alguns alunos foram escritores, outros ilustradores e criadores de sites na internet. “Talvez o impacto maior tenha ocorrido na consciência que os alunos ganharam sobre a compreensão do consumismo e de sua solução estar no controle disso, em vez de ser controlado pela necessidade de ter cada vez mais”, escreve as autoras, avaliando o projeto que contou com a participação de mais de 20 escolas.
O professor interessado na proposta do livro também pode ter um projeto próprio e original. As autoras dedicaram um capítulo para o assunto, trazendo informações de profissionais da educação experientes com passos lógicos para o desenvolvimento: escolha de um tema, estabelecimento de resultados da aprendizagem, investigação de outros projetos, planejamento de atividades, horários e papéis dos participantes, avaliação etc. “Considere cuidadosamente a variedade de estratégias de ensino/aprendizagem apropriadas para seus alunos, bem como o tipo e a quantidade de acesso à internet disponível em sua escola e sala de aula”, orientam.
Além de trazer informações sobre como utilizar o correio eletrônico para projetos com grupos de discussão, o livro traz instruções para criar páginas na rede mundial, desde o planejamento até a publicação, sempre com a preocupação de compreender a tecnologia como uma ferramenta de aprendizagem, um recurso complementar à sala de aula. “Publicar páginas na web não é só uma maneira de transmitir a existência de sua escola ao mundo”, advertem as autoras.
Livro: Guia do professor para a internet: completo e fácil Autor(es): Ann Heide e Linda Stilborne, com tradução de Edson Furmankiewz e consultoria de José Armando Valente Editora: Artes Médicas Sul Páginas: 337 |