Preocupados em traduzir os valores que inspiram a democracia em práticas pedagógicas, professores da Universidade de Barcelona desenvolveram um trabalho sobre a participação escolar, abordando aprendizagem da convivência, autonomia, cooperação, sentido de justiça e diálogo. O resultado pode ser conferido na tradução lançada pela Editora Moderna com o título Democracia e participação escolar: propostas e atividades.
A obra faz uma reflexão sobre a participação de alunos e professores na vida da escola e contribui, segundo os autores, para constatar os efeitos perversos do denominado currículo oculto. “É certo que a escola, além de instruir e formar ou, precisamente, instruindo e formando, realiza outras funções menos evidentes que, como nos mostra a sociologia da educação, são freqüentemente injustas”, explicam os autores.
Uma das idéias apresentadas no livro entende que a participação democrática permite fomentar experiências básicas aos estudantes a fim de proporcionar uma educação moral. Os problemas da vida coletiva, enfatizam os autores, não devem ser ignorados ou resolvidos de maneira mecânica. A solução, nessa perspectiva, deve contemplar princípios e práticas de uma democracia. No entanto, eles advertem sobre uma possível confusão entre a realidade de uma sociedade democrática e a de uma escola democrática. “As instituições escolares têm de apresentar fórmulas originais que, respeitando as suas singularidades, implantem o mesmo espírito de igualdade, de participação e de justiça”, esclarecem.
O livro argumenta que a escola democrática deve ser uma instituição capaz de instruir e formar alunos por meio da participação, juntamente com os docentes. Deve permitir a construção de um espaço em que o aprendiz seja protagonista da própria educação, adotando compromissos de partes do processo formativo possíveis de se deixar em suas mãos. É atribuir aos jovens educandos o que pode ser realizado sem, no entanto, transferir responsabilidades e tarefas impossíveis de serem cumpridas. “Uma escola democrática é uma escola que facilita a participação dos jovens e das jovens sem negar, contudo, o papel e a responsabilidade dos educadores e das educadoras”, ressaltam os autores.
As intervenções com o objetivo de construir uma escola democrática deve, segundo o livro, contemplar diversos níveis: os sujeitos, os pequenos grupos, o grupo-classe e a instituição escolar em conjunto. “De nossa parte, pensamos que a intervenção educativa deve ser múltipla, diferencial e simultânea”. Além desse entendimento, cada nível deve ter uma intervenção diferente, de acordo com a sua natureza e suas possibilidades, sem se esquecer do entrelaçamento produzido nas diversas instâncias.
Os dois últimos capítulos do livro são dedicados, respectivamente, para assembléia de classe e propostas didáticas. Os autores definem uma assembléia, descrevem suas rotinas e propõem algumas técnicas para facilitar o diálogo e a pôr em prática os acordos. Com relação às propostas didáticas, o capítulo foi dividido em suas partes: primeiro e segundo ciclo do Ensino Fundamental. São 12 atividades com orientações práticas ao docente. Visam a participação dos alunos e uma reflexão sobre as vivências e os valores numa coletividade. Os temas abordados são: participação na sala de aula e na escola; diálogo, acordos e regras; sentido de grupo; problemas e conflitos; auto-regulação individual e coletiva. “Embora o tema básico seja o mesmo nos diferentes níveis de atividades, tentamos elaborá-lo de maneira que o conteúdo concreto se adaptasse às idades dos alunos”, garantem os autores.
 Livro: Democracia e participação escolar: propostas de atividades Autor(es): Josep M. Puig, Anna M. Novella, Susagna Escardíbul e Xus Martín Editora: Moderna Páginas: 215 |