Jovens jornalistas ajudam na alfabetização midiática de estudantes

Foto: Reprodução/Projeto Foca na Mídia

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Atualmente, é quase impossível que uma pessoa navegue pela internet sem esbarrar vez ou outra em fake news. Ou melhor dizendo, um conteúdo falso. “Eu não uso o termo ‘notícia falsa’ porque se é notícia não pode ser falsa”, afirma a docente Mônica Nunes, do Departamento de Jornalismo e Editoração da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e responsável pelo projeto Foca nas Mídias, que busca promover a alfabetização midiática de crianças e adolescentes.

A era digital veio para ficar e nesse mundo tão conectado é necessário que as pessoas aprendam, cada vez mais cedo, a se proteger da desinformação. Foi pensando nisso que o Foca nas Mídias se desenvolveu. Ele teve início no projeto Alfabetização Midiática e Produção Audiovisual na Escola Pública: Ensinar crianças e jovens a interpretar e a produzir informação, criado por Mônica e organizado em conjunto com a Faculdade de Educação (FE) da USP. O projeto foi aplicado com recursos oriundos do edital Empreendedorismo Social da USP de 2019.

A iniciativa é baseada no princípio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que afirma que a alfabetização midiática é um direito fundamental de todos. “Se você não tem recursos para discernir o que é real e o que é falso, você é uma pessoa que vive em um mundo muito inseguro; a sua relação com o mundo é desigual”, diz Mônica.

Para explicar os danos causados pela desinformação crescente que ocupa as redes, a professora faz uma analogia com um jogo que ganhou fama entre os jovens em 2020. “Eu digo que a desinformação é como um impostor daquele jogo Among Us: ela está entre nós e você precisa ter recursos não só para identificá-la, mas também para miná-la.”

Essa comparação reforça a ideia principal do projeto: se aproximar dos jovens utilizando a mesma linguagem deles. Por isso os conteúdos desenvolvidos são focados no audiovisual, com vídeos para o YouTube e, futuramente, para o TikTok, além de produções para o Instagram e para o site. Dessa forma, as redes sociais passam a funcionar como ferramentas de ensino e de combate a conteúdos duvidosos e seus usuários se tornam replicadores de conhecimento.

O projeto acaba de ser pré-selecionado no edital Inclusão Social e Diversidade na USP. Se aprovado, terá, além dos seis bolsistas atuais, mais sete bolsas a ofertar, e vai ampliar sua atuação em mais uma escola pública. “Estamos direcionando nossas atividades para as escolas públicas porque entendemos que é um grupo com um número maior de alunos e que, talvez, não tenham contato com esse assunto em sua trajetória”, explica Mônica.

Um projeto Multidiscplinar

O Foca nas Mídias é dividido em três vertentes principais: os projetos audiovisuais e de ensino e o projeto Escola de Aplicação (EA), realizado em parceria com docentes da Faculdade de Educação.

Os projetos audiovisuais são desenvolvidos pelos bolsistas PUB da graduação e pós-graduação e por estudantes de Jornalismo e Educomunicação da ECA. Segundo Mônica, o desenvolvimento de oficinas na Escola de Aplicação abriu a possibilidade para a criação de material em conjunto com as disciplinas oferecidas por professores colaboradores do programa. “Nós percebemos que era possível trazer esse conhecimento para as disciplinas do curso de Jornalismo, afinal o jornalismo tem um papel fundamental no combate à desinformação.”

Os vídeos são divididos em séries temáticas: Armadilhas das Redes são vídeos mais curtos, que ensinam como se proteger contra conteúdos suspeitos; os Projetos em Televisão são formados por séries mais longas, como ‘Notícia Falsa, Dinheiro Real’, ‘Parece, Mas Não É’ e ‘Zap Confirma’, com discussões atuais que estão sendo promovidas nesse cenário.

A série Jornalismo em Foco é mais recente e apresenta jovens jornalistas comentando suas rotinas na profissão. “Quando alguém conhece como algo é feito, essa pessoa tem mais recursos para avaliar quando entra em contato com aquilo. Se eu sei como uma notícia é feita, quando vou consumir qualquer conteúdo que parece notícia consigo avaliar melhor se aquilo é verdadeiro ou não”, diz Mônica.

Essa produção é também um meio dos próprios estudantes expandirem suas experiências no universo acadêmico. “Eu me senti muito mais segura não só com relação às informações que compartilho, mas também como estudante, como uma pessoa que quer viver de pesquisa”, afirma Anastácia Ferreira, uma das bolsistas que tornou o projeto possível.

Para saber mais sobre as atividades desenvolvidas pelo projeto, acesse o site do Foca nas Mídias. Siga também as redes sociais do projeto:  TikTok | Instagram | Youtube.
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Confira abaixo um dos vídeos do projeto:
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Com informações de Gabriela Schatz / Assessoria da ECA-USP

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COMO CITAR ESTE CONTEÚDO:
Redação EducaBrasil. Jovens jornalistas ajudam na alfabetização midiática de estudantes. EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2021. Disponível em <https://educabrasil.com.br/jovens-jornalistas-ajudam-na-alfabetizacao-midiatica-de-estudantes/>. Acesso em 11 out. 2024.

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